Três pinceladas de um domingo

I - Abrir os olhos

Ontem foi um dia de doidos e adormeci por volta das três da manhã. Às 8.30 horas sou acordado pela minha filha:

Pai... gato é em mi ou sem sol?

Demorei uns segundos a perceber que ela estava no piano e tinha dúvidas na canção "atirei o pau ao gato..." Hesitei no que responder:

a) Filha, olha que o gato tem sete vidas e tu só uma... (esta foi por instinto, tinha dormido cinco horas e meia, acreditem que eu não faço mal a uma mosca... Quer dizer, a uma mosca eu faço, mas vocês percebem...)

b) Filha, deixa-me dormir só mais um bocadinho...

c) Filha, por acaso é Mi, mas só tens cinco anos, não tenhas pressa em ser Mozart...

II - Olhos esbogalhados

Acendo a televisão. Vejo o José Sócrates a correr em cima da ponde Vasco da Gama no meio de milhares de pessoas. Por uma vez admiro-lhe a coragem: não há ninguém que o atire ponte abaixo? (Eu ainda estou ensonado, lembrem-se, e metade dos neurónios, que já não são muitos, estavam ainda a dormir).
José Sócrates, em plena corrida, dá uma entrevista em directo... Por uma vez senti-me bem. Por norma, ele dá as entrevistas refastelado numa cadeira e numa sala climatizada enquanto nós suamos e andamos no dia a dia de língua de fora. Esta manhã foi o contrário. Mas só durou uma hora...

Depois, começo a rezar que o homem se engane no caminho e siga as setas a dizer "Espanha", mas ainda levava com o Juanito a mandar-me calar e, pensando bem, que culpa têm os espanhóis? Mas não, ele seguiu atrás de milhares de pessoas e chegou ao destino. Estava com esperança que ele tivesse aprendido e que quando governasse não inventasse e seguisse atrás do que milhões de pessoas lhe dizem...

No final da corrida, José Sócrates estava contente com o tempo feito. Quando lhe disseram que correu com o vento pelas costas, o primeiro-ministro disse nem ter reparado.... Normal...

III
Almoço, apanho o IC 19 e vejo um Audi a 40 quilómetros à hora, um AX com quatro passageitos no banco de trás e um... caniche à frente e uma fila de 30 carros na berma a ver quem sabia o sítio do copo de água... Eram 15 horas, iam almoçar a lindas horas...
Chego para trabalhar e estou cheio de sono. Ninguém quer vir trabalhar por mim? Eu, ao domingo, do que gosto mesmo é de caminha... Ou sofá, embrulhado num cobertor, a ver aqueles filmes lamechas e a adormecer a meio para uma bela sesta...

Beijinhos e abraços. Um bom resto de domingo...