Assustei um ladrão!

Estou deveras surpreendido pelas reacções à minha nova fotografia do meu perfil. Não param de chover comentários muito positivos, quer de mulheres, quer de homens. A minha caixa de email está a rebentar pelas costuras, com toda a gente fascinada com estes olhos. Ora se eu estou surpreendido é porque eu já tinha avisado há muito tempo que os meus olhos são de cortar a respiração, mas vocês são como S. Tomé, é só ver para acreditar...

(Neste ponto do texto, eu espero sinceramente que nenhum de vocês me esteja a levar a sério, porque às vezes eu até me assusto a mim mesmo com a capacidade que tenho de escrever umas tangas de todo o tamanho...)

Bem, mas ontem à noite, tive a prova que, se calhar, estes olhos têm mesmo um efeito hipnótico.

O que é que te aconteceu ontem à noite?, perguntam vocês deveras curiosos, e mesmo que não estejam curiosos quem manda aqui sou eu, portanto, se eu digo que vocês estão curiosos, é porque estão e não se fala mais nisso.

Já que vocês insistem tanto, eu vou contar:

Saí do jornal eram 23 horas e recebi uma chamada de uma querida amiga. Fui a conversar pelo caminho, entrei no carro, sentei-me e fiquei a conversar.

De repente, sinto a porta do lado direito do carro a abrir. Desvio o olhar para ver o que se passa, mas sem perceber muito bem, porque pode estar a cair um prédio à minha frente que se um calhau não me bater na cabeça eu posso nem perceber.... Mas olhei.

Dei de caras com um tipo que há muito deve uma visita ao chuveiro, ao cabeleireiro e ao... dentista. Apenas olhei, ele olhou para mim, pediu desculpa e zarpou a toda a velocidade.

Olhei para o banco do passageiro e percebi logo: ali tinha pousado a carteira, o outro telemóvel, o GPS e os óculos, pelo que, calculo eu, o rapaz deve ter pensado:
-Olha, este cavalheiro tem isto aqui à vista é de certeza porque já não quer nada disto. Por isso, vou levar eu... Não estava era à espera de me encontrar...

O meu ego ficou em alta. Com um simples olhar, que eu nunca parei a conversa ao telefone, assustei o que deveria ser um ladrãozeco de meia tigela.

Eu nunca fui pessoalmente assaltado na vida. Mas na próxima que me perguntarem, de arma em riste, "a bolsa ou a vida", já sei que só tenho de o olhar nos olhos.

E se ele insistir mesmo, então vou ter de perder a cabeça:

- Ora bem, o que é que deseja mesmo?