sábado, 5 de julho de 2008

Violência e poesia

Cerca de 20 alunos do colégio Middlebury, da cidade de Ripton (Vermont, EUA), foram condenados a ter aulas de poesia de Robert Frost depois de terem vandalizado uma casa que pertenceu ao escritor.

Tudo começou quando os 20 alunos decidiram fazer uma festa no colégio. Mas a palavra passou tão depressa, que de duas dezenas o número passou para centenas. Sem espaço para dar a festa, decidiram ir para a casa que pertenceu ao poeta e que foi doada ao colégio para servir de museu. O problema é que exageraram na bebida e a casa ficou um caos. A polícia chegou, deteve 20 jovens, mas o castigo, por intervenção do colégio, foi pedagógica: aulas de poesia. Usando poemas de Frost, o professor Jay Parini pretende «mostrar aos vândalos o erro que eles cometeram, revelando o poder redentor da poesia».

1 - Eu acharia piada se alunos de Setúbal fizesse o mesmo à Casa Bocage. A chatice que iria ser ouvir, entre tantos exemplos, este poema:

"Apre! Não metas todo... Eu mais não posso..."
Assim Márcia formosa me dizia;
-Não sou bárbaro (à moça eu respondia)
Brandamente verás como te coço:

"Ai! por Deus, não... não mais, que é grande e grosso!"
Quem resistir ao seu falar podia!
Meigamente o coninho lhe batia,
Ela diz: "Ah, meu bem! meu peito é vosso!"

O rebolar do cu (ah!) não te esqueça...
Como és bela, meu bem! (então lhe digo)
Ela em suspiros mil a ardência expressa:

Por te unir faze muito ao meu embigo;
Assim, assim... menina, mais depressa!...
Eu me venho... ai Jesus!... vem-te comigo!


2 - Por outro lado, imaginem que um grupo de alunos destruía a residência oficial do primeiro ministro, em S. Bento? Seria punida a ter aulas para ouvir o programa de governo? Cruzes, antes a prisão...

10 comentários:

Vitória disse...

loooooooool

Sempre podiam recitar poesia e rezar..

Eu foder putas?... Nunca mais, caralho!
Hás de jurar-mo aqui, sobre estas Horas:
E vamos, vamos já!... Porém tu choras?
"Não senhor (me diz ele) eu não, não ralho":

Batendo sobre as Horas como um malho,
"Juro (diz ele) só foder senhoras,
Das que abrem por amor as tentadoras
Pernas àquilo, que arde mais que o alho".

Co'a força do jurar esfolheando
O sacro livro foi, e a ardente sede
O fez em mar de ranho ir soluçando...

Ah! que fizeste? O céu teus passos mede!
Anda, herético filho miserando,
Levanta o dedo a Deus, perdão lhe pede!


Eh eh jorginho..
Beijos poéticos

Cristina Costa disse...

"VI
Não lamentes, oh Nise, o teu estado;
Puta tem sido muita gente boa;
Putíssimas fidalgas tem Lisboa,
Milhões de vezes putas têm reinado:

Dido foi puta, e puta dum soldado;
Cleópatra por puta alcança a c’roa;
Tu, Lucrecia, com toda a tua proa,
O teu cono não passa por honrado:

Essa da Rússia imperatriz famosa,
Que ainda há pouco morreu (diz a Gazeta)
Entre mil porras expirou vaidosa:

Todas no mundo dão a sua greta:
Não fiqueis pois, oh Nise, duvidosa
Que isto de virgo é honra, é tudo peta."
Bocage

Heheheheh
Cumprimentos :)

Jorge Pessoa e Silva disse...

Olá Vita

Bela escolha, não há dúvida...rs...
Poesia pura.

Beijiiiinho

Jorge Pessoa e Silva disse...

Viva an ambush:

Obrigado por este momento cultural...

Abraço

Helena disse...

Genial! lol
Adoro estes teus momentos culturais e despretensiosos.
Beijos e esmolinhas

Jorge Pessoa e Silva disse...

Viva Laura

Que bom ver-te de volta. Isto aqui é malta de cultura, vê só as brilhantes contribuições que já recebi...

Às vezes acho que são mais momentos despretenciosos do que culturais, mas...rs... é possível conjugar tudo. Com muito improviso. Como no jazz.

Beijinho e obrigado

Moon_T disse...

hmm...

SOME say the world will end in fire,
Some say in ice.
From what I’ve tasted of desire
I hold with those who favor fire.
But if it had to perish twice,
I think I know enough of hate
To know that for destruction ice
Is also great
And would suffice.

Robert Frost.


Lá quando em mim perder a humanidade
Mais um daqueles, que não fazem falta,
Verbi-gratia — o teólogo, o peralta,
Algum duque, ou marquês, ou conde, ou frade:

Não quero funeral comunidade,
Que engrole "sub-venites" em voz alta;
Pingados gatarrões, gente de malta,
Eu também vos dispenso a caridade:

Mas quando ferrugenta enxada idosa
Sepulcro me cavar em ermo outeiro,
Lavre-me este epitáfio mão piedosa:

"Aqui dorme Bocage, o putanheiro;
Passou vida folgada, e milagrosa;
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro".

Bocage

* "Bom, isso não posso dizer porque não sou hipócrita nem sínico, que a oposição seja muito estimulante. Por uma razão: acho que a oposição hoje tem-se concentrado e tem feito uma espécie de coligação negativa entre direita e esquerda. Mas para apresentarem qualquer proposta, qualquer idéia mobilizadora para o país, isso não tem acontecido. Pelo contrário. Acho que a oposição se tem concentrado em construir um cenário pessimista e negativista para os portugueses."

— José Sócrates, primeiro ministro de Portugal.
— Especial José Sócrates, entrevista à SIC, Março de 2008



será que à excepção das caralhadas eles sao muito diferentes?

e termino citando este Grande e sábio poeta que é o Socrates:

"Porreiro pá, porreiro pá!"




obrigado

Blueminerva disse...

Foda-se Bocage tava muito à frente do seu tempo! De ir às lágrimas e de fazer corar o menos púdico...
beijocas

Anónimo disse...

concordo com a blueminerva, bocage estava mesmo muito há frente para a época dele! mto bom!!! Beijocas gdes

Jorge Pessoa e Silva disse...

Olá Cristina... Aprecio o teu gosto cultural.... rs...


Beijinhos