domingo, 27 de janeiro de 2008

Estou desiludido, sr. bastonário

Eu tive de ir à Wikipedia confirmar essa história de Jacques de La Palice ter nascido em França. Mas não fiquei convencido. Acho que ele deve ter nascido em Portugal, como Cristóvão Colombo, e deixo já o repto ao mestre Manoel de Oliveira para indagar. E, se tiver mesmo de ser, fazer um filme sobre tão fascinante personagem. E mesmo que seja francês, deve ter andado por Portugal a espalhar semente. É a única conclusão plausível a que chego quando percebo que em Portugal basta alguma figura pública dizer algo de óbvio para provocar enorme agitação.
Exemplos? Bastou Lili Caneças ter dito que “estar vivo é o contrário de estar morto” para ser citada em tudo o que era comunicação social; António Guterres não sabia fazer as contas do PIB (como se fossemos um país de craques em matemática e um primeiro ministro tivesse de saber do PIB...) e abriu todos os telejornais; Cavaco Silva, então candidato a candidato à presidência, escreveu um artigo a dizer que os bons políticos devem afastar os maus políticos (imaginação seria dizer o contrário) e o então presidente Jorge Sampaio demitiu o Governo de Santana Lopes... Já Luís Filipe Vieira disse que o Benfica tinha uma equipa maravilha e não me lembro de ter provocado tanto estardalhaço. Porquê? Porque isso já exigia um exercício de imaginação...
Agora, vem o bastonário da Ordem dos Advogados, dr. Marinho Pinto, dizer que se praticam ilegalidades em altos cargos do Estado e há quem já tenha colhido o fruto quando saiu da política para ser administrador de empresas a quem concedeu benefícios... Francamente, senhor bastonário, estou desiludido. Esperava mais de si, um pingo de imaginação que fosse, até por saber que você é um homem de verbo fácil (para ser sincero, acho que é mais um homem de adjectivo fácil...). A única coisa que você prova, e que lhe fica bem, é que lê os jornais.
Eu também podia dizer com algum grau de segurança que há corrupção nas autarquias locais. Podem perguntar: mas tem provas? Não sei, obrigar as pessoas a visitar certas cidades e vilas deste país e admirarem os mamarrachos urbanísticos conta como prova? É que se contar, então eu tenho provas.
Depois, dr. Marinho Pinto, você estragou tudo, porque agora a Procuradoria Geral da República decidiu abrir um “rigoroso inquérito”. Ora eu preferia que se abrisse um inquérito nada rigoroso. É que por via das dúvidas sempre poderia acontecer o milagre de se chegar a alguma conclusão...

1 comentário:

Pim disse...

Grande Joca! Bem-vindo ao mundo blogueiro. Já eu, nestas andanças, estou adormecido desde Março...

Allez!

Abraço