segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Autarquias, tijolos, peditórios e outras considerações inteligentes...

I Fui votar, que querem?

Gosto de ir votar de manhã, tão cedo quanto possível. Isto porque já estou suficientemente acordado para dar com a assembleia de voto, mas ainda não o suficiente para ter noção da (ir)responsabilidade que é escolher quem nos governa...

Entrei na escola e dei com um cartaz: «Campanha do tijolo». A prova de que ainda não estava bem acordado é que o meu primeiro pensamento foi: «Ora aí está uma boa ideia. A gente vota e depois atira-lhes com o tijolo...»

Quando me pediram cinco euros para uma causa qualquer, percebi o quão errado estava quanto àquela ideia dos tijolos... Mas meus amigos: a melhor altura para fazer negócio, leia-se vender umas coisas e pedir dinheiro às pessoas, é quando estas estão bem dispostas. E eu não conheço ninguém que vá votar todo contente, como se fosse dia de festa, e até saia com o sorriso mais largo do mundo, dizendo «estou satisfeito, que bem me soube ir votar...»

As pessoas que vão é porque ou estão na lista de candidatos ou entendem que devem escolher, mesmo que fiquem sempre com aquela sensação de «acabei de dar um vibrador a um político, será que ele o vai usar em quem?»


II Adoramos 'presidentes', odiamos 'primeiros'

À noite percebi que, como esperado, a maioria dos presidentes de câmara foram reeleitos. O que é engraçado: porque nós malhamos no governo e os primeiros ministros vêm-se aflitos por uma reeleição; mas nas câmaras temos a tendência para apoiar quem já está no poleiro. Tal como acontece com o Presidente da República. O que me leva à conclusão que nós gostamos da palavra Presidente (República e Câmara), mas odiamos a designação Primeiro-Ministro.
Se o Sócrates se lembra disto, manda mudar a designação de Primeiro-Ministro para Presidente do Conselho de Ministros... O último que se chamava assim esteve no cargo umas quatro décadas...

14 comentários:

Maísa disse...

Foste votar?
Fizeste bem.
Rsrsrsrsrs.
A bem de verdade há uma enorme tendência ao presidente de Câmara ser do tipo perpétuo. De quem será a culpa?
Minha não é de certeza, rsrsrsrs. Sou aversa a coisas perpétuas, muito menos na mão de políticos.
Beijocas.

Anónimo disse...

A política foi primeiro a arte de impedir as pessoas de se intrometerem naquilo que lhes diz respeito. Em época posterior, acrescentaram-lhe a arte de forçar as pessoas a decidir sobre o que não entendem.
(Paul Valéry)






Beijos. Muitos.

Unknown disse...

Eu não votei porque queria votar em ti. :( Porque na tavas lá no boletim? :( Lol


Bjsssssss

Jorge Pessoa e Silva disse...

rs..rs..rs..rs..

Viva D. Antónia

Olha, e como ficou a eleição aí na freguesia?

Havia uma senhora do povo que defendeu um dia na televisão que deviam ser sempre os mesmos políticos a mandar. Porque tinham tempo para encher os bolos e, quando já estivessem bem cheios, começava a sobrar algum para o povo. Se andassem sempre a mudar, começava tudo do zero e nunca mais o dinheiro chegava ao povo..rs..rs..rs..rs..

Beijinhos

Jorge Pessoa e Silva disse...

Viva Attitude

...ou como um escritor brasileiro disse, não me lembro o nome, «os políticos são aquelas pessoas que nós precisamos para resolver os problemas que não teríamos se não existissem políticos»...rs..rs..

Beijinhos

Jorge Pessoa e Silva disse...

:-) Viva Joana

Mas tu já votaste em mim. Eu estava naquela Freguesia da Amizade...

Beijiiiiinhos

Freyja disse...

Caríssimo,

Um grande bem-haja para ti e oxalá te encontres bem.

Ora bem, se foste votar fizeste muito bem (ou nem por isso), pois foste cumprir um dever cívico importante, ou melhor, pseudo-importante, já que tenho a expressa opinião que, tal como diz o anuncio anti-abstenção: "Não deixes que escolham por ti".
Pois como eu acho que eles escolhem sempre por mim e não para mim, seja qual for o quadrado que leve a cruz, decidi também ir votar (coisa rara, confesso) para comprovar se a teoria dum ranhoso graffiti ao pé da minha casa está correcta e passo a citar: "Se votar é a arma do povo, assim que votas ficas desarmado".
Sendo que sou uma senhora totalmente pacífica, decidi entregar as armas e resignar-me perante uma desprezível e perfeitamente inútil capacidade de escolha – VOTAR.

Porém, se houvesse a campanha dos tijolos na escolinha onde fui servir os meus piores interesses, garantidamente tinha adquirido um tijolinho para cimentar mas um pilar de 4 anos destinados ao "mamar" da autarquia. Ao fim destes anos todos de voto, ao fim de tantos pilares edificados por mim, especialmente por mais outras milhentos recenseados, já devemos e temos seguramente, construída a passagem subterrânea (aérea faria lembrar céu e positivo) para o definitivo e pesaroso inferno fiscal (a todos os níveis).
Relativamente à campanha dos tijolos que encontraste na escola, seguramente faziam parte dos "anarcas" e o tijolo que supostamente irias adquirir era para atirares contra o vidro da janela da secção de voto!
Daí que a frase que deixas " «estou satisfeito, que bem me soube ir votar...» " não está totalmente descabida, se não fosse não teres arremessado o tijolo...

Relativamente à história do vibrador tenho uma resposta muito séria para te dar. A resposta à pergunta «acabei de dar um vibrador a um político, será que ele o vai usar em quem?» é muito simples e resume-se a: "nós".
"Nós" é que somos sempre os fodidos no que toca aos impostos, os enrabados quando fazemos queixa e temos de pagar multa por cima e os encornados pois os benefícios que deveriam de ser de "nós", são de facto para "eles".



Relativamente ao excelso Primeiro, tenho-te a confessar um pensamento.
Cá para mim, no recôndito obscuro e comatoso cérebro, o caríssimo excelso acima referenciado é efectivamente um maestro monárquico.
Repara bem, ele é o "chefe" e os outros ministros são os executores que nos fazem a todos nós cantar de alegria porque vamos votar, cantar de êxtase quando eles usam o dito vibrador e ainda mais! Fazem-me cantarolar de contentes cada vez que compramos o que quer que seja, onde quer que seja.
Monárquico pois seja qual for a resultado das eleições, seja qual for o partido e respectivo representante eleito, o comando está sempre na mesma mão e o acto de voto neste ou naquele é absolutamente obtuso seja em que perspectiva for…logo e sendo que o acto de votar é meramente ilusório, vivemos numa monárquica. Não lhe chamaria ditadura porque desconheço se assim o é e porque a coisa é feita dissimuladamente sendo que não precisam de tropas e estigmas revolucionários para nos manter a todos na linha e impedir “assaltos à cadeira”. Portanto quando a coisa é feita dissimuladamente é monarquia, quando a coisa é feita à descarada é uma ditadura.

Ora, vê lá bem se o caríssimo excelso acima referenciado, é ou não é um magnífico maestro monárquico?

O nosso P.R. é então um relações-públicas desta magnífica e vibrante orquestra filarmónica do presente Portugal no Curral.


Passo tanto tempo sem cá vir, depois quando venho, despejo esta quantidade de veneno…


Bom, despeço-me carinhosamente numa atitude perfeitamente pacífica e insana.

Um beijo,

Luxúria x Tentação disse...

Não votaste em nós??? ;))




*Beijos*

Jorge Pessoa e Silva disse...

rs.rs.rs..rs..

Viva Freyja

Quanta saudade! Mas compensaste bem com um texto de uma enorme profundidade. Digno das melhores reflexões que já alguma vez vi alguém fazer.

Subscrevo quase tudo o que refletes, tento apenas encontrar o trigo no meio do joio, mesmo que em minoria, com o intuito de não levar a eito o justo e o pecador. E às vezes até penso que eles nem são maus, não sabem é fazer mais, não têm uma única ideia mobilizadora para o futuro; debitam os mesmos textos há décadas, alterando apenas o personagem caso sejam poder ou oposição.

As nossa mentes brilhantes, que já não são muitas num país pequeno como o nosso, não mandam, não têm poder, estamos à mercê dos profissionais da política, muitos deles corruptos é certo (basta olhar para certas cidades ou vilas para se ter a certeza que há corrupção), outros com visão curta, a maioria marcando o nosso ritmo ao ritmo dos seus próprios calanedários e interesses.

Talvez a culpa também seja nossa, que premeamos os que viciam as regras do jogo. Dos que não fazem o que têm de fazer porque podem perder votos. Dos que não dizem a verdade, porque a verdade lhes pode custar votos.

Sim, somos o mais monárquico dos regimes republicanos que conheço. E os mas "sebastianistas"... E à falta de uma sociedade crítica e de massa cinzenta que seja a alma deste país, apanhamos a boleia de qualquer rei nu. Veja-se o exemplo italiano: dos países mais instáveis, politicamente, do mundo, que muda de governo como quem muda de camisa, que até se dá ao luxo de eleger Berlusconi. Ainda assim, dos países mais ricos do mundo. Porque existe uma sociedade civil, cultura ou económica que, verdadeiramente, faz acontecer.

Beijinhos

Jorge Pessoa e Silva disse...

:-) Viva Luxúria e Tentação

Votei, de... cruz.


Beijinhos

Freyja disse...

Caríssimo Jorge,


Deixo-te uma resposta no meu catinho.

Um beijo,

Jorge Pessoa e Silva disse...

Freyja

é que vou já lá a seguir...

Beijinhos

Jacinta Correia disse...

Olá, Amigo! Nós cá (na Câmara que tu bem sabes) tivemos a ousadia de mudar. Ganhamos e com maioria, o que revela uma renovação de mentalidades no concelho. Ah e fui votar satisfeita (claro que estava na lista lol). Bj

Jorge Pessoa e Silva disse...

Viva Jacinta

Olha, mal vi o resultado na televisão lembrei-me logo de ti...rs..rs..rs.. Fiquei surpreendido, mas confio no teu bom gosto, pelo que se me dizes que o homem será boma para o conselho, então fico contente...

Vais para vereadora ou estavas em lugar não elegível?

Beijinhos