Não sei se é para se limpar da borrada que andou a fazer - e digo isto no sentido literal do termo, conforme se podia ler no meu post anterior - o certo é que o meu filho, de apenas 29 meses, decidiu untar-me de graxa. Enquanto a maioria dos filhos diz que o pai é o melhor do mundo, o meu passou a dizer que, passo a citar, «o pai é o melhor de sempre». O que faz toda a diferença por incluir todos os pais que já habitaram este planeta... Por isso, o meu filho escapou à minha ira… É que ele sabe que quando eu fico zangado sou mesmo de meter medo: consigo até fazer cara séria durante dois segundos e meio; faço um gesto com o dedo a dizer que não; e só depois desses dois segundos e meio é que ele se começa a rir...
Neste momento estamos os dois a atravessar uma fase de marcação de terreno, de estudo recíproco, de medir forças entre pai e filho: ou seja, convém definir desde já, enquanto ele é pequeno, quem manda lá em casa. Ou seja… a mãe. Por outro lado, estamos a estudar parcerias de relacionamento, porque nem eu nem o meu filho achámos piada a minha filha ter ido contar à mãe que nos apanhou ontem aos dois a comer gelado com os dedos e fora das refeições.
Quem me estiver a ler ainda é capaz de pensar que lá em casa os meus filhos é que mandam em mim. Ora, nada de mais… certo, se bem que eu luto todos os dias para assumir papéis relevantes para o futuro deles que não sejam apenas o de ‘cavalinho’, ‘palhaço’, ‘apresentador de concursos’,’jogador de futebol’, ‘artista plástico’ ou ‘salteador da arca… recheada de gelados…’
Ontem tive um assomo de brio e reassumi o controlo. Agora, os meus filhos só fazem o que eu mando. Por exemplo, eu digo: «vêm ou ficam?’. E eles vêm ou ficam…
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
domingo, 22 de agosto de 2010
Carta ao meu filho
Meu filho:
Sei que deves estar surpreendido por receber esta carta, mas foi a melhor forma que encontrei para te ensinar algumas coisas, isto depois de ter contacto até 13 650 sem resultado nenhum. Por isso, guarda estes conselhos:
1 – O que sai pelo rabo e fica preso à fralda chama-se cocó. Palavra que sei que vais odiar no futuro, mas a tua mãe não me deixa ensinar-te que isso é merda mesmo...
2 – Colocares a mão por dentro da fralda não vai fazer com que desapareça ou passe a cheirar melhor.
3 – Se ainda assim não resistires à curiosidade, lembra-te que esfregares as mãos sujas à barriga não é a melhor maneira de limpares as mãos.
4 – Por último, e acredita na experiência e conhecimentos do teu pai, não me parece que o caminho para um artista de sucesso passe por sujares as mãos de cocó e deixares as tuas impressões digitais espalhadas na parede.
5 – Seguires estes simples conselhos vai facilitar, e muito, a vida cá em casa...
Sei que deves estar surpreendido por receber esta carta, mas foi a melhor forma que encontrei para te ensinar algumas coisas, isto depois de ter contacto até 13 650 sem resultado nenhum. Por isso, guarda estes conselhos:
1 – O que sai pelo rabo e fica preso à fralda chama-se cocó. Palavra que sei que vais odiar no futuro, mas a tua mãe não me deixa ensinar-te que isso é merda mesmo...
2 – Colocares a mão por dentro da fralda não vai fazer com que desapareça ou passe a cheirar melhor.
3 – Se ainda assim não resistires à curiosidade, lembra-te que esfregares as mãos sujas à barriga não é a melhor maneira de limpares as mãos.
4 – Por último, e acredita na experiência e conhecimentos do teu pai, não me parece que o caminho para um artista de sucesso passe por sujares as mãos de cocó e deixares as tuas impressões digitais espalhadas na parede.
5 – Seguires estes simples conselhos vai facilitar, e muito, a vida cá em casa...
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Regulador água
Notícia: «Regulador defende aumento da tarifa da água entre 19 e 42 por cento».
Acho que o Regulador não regula bem...
Acho que o Regulador não regula bem...
domingo, 8 de agosto de 2010
Aventuras em Maputo
Para os milhares de leitores assíduos deste blog que estranharam a minha ausência (convém começar com uma nota moralizadora mesmo que manifestamente exagerada), aqui vai a justificação: estive duas semanas em Maputo e só hoje regressei a Portugal.
Como correu? Muito bem. Adorei Maputo, a simpatia dos moçambicanos, tudo correu pelo melhor, menos ter engordado dois quilos, mas ninguém me manda exagerar só porque havia buffet quase todos os dias...
Dança tradicional
À chegada a Maputo fiquei muito sensibilizado com um grupo de mulheres com vestimentas tradicionais, dançando e cantando à minha chegada e de toda a delegação portuguesa que foi participar nos Jogos da CPLP. Fiz questão de agradecer do fundo do coração e estranhei que a forma dos moçambicanos agradecerem o agradecimento fosse a rir... Depois percebi que a dança não era para mim, mas para um grupo de missionários que ia no mesmo avião que eu...
Quase atropelado
No primeiro dia ia sendo atropelado, para mais não estava à espera. É certo que ia no meio da estrada, para me desviar de um buraco enorme no passeio, mas estava tranquilo porque não vinha nenhum carro de frente. De repente, aparece um carro a buzinar nas minhas costas e dei um salto mesmo a tempo de evitar o atropelamento. Ainda estive para protestar, mas depois pensei que convinha ter-me lembrado que o trânsito em Moçambique é ao contrário...
Ofendi um empregado
Cheguei ao hotel e, como estava com fome, pousei as malas e fui logo almoçar. Vi um esparregado com bom aspecto - até tinha pedacinhos de lagosta - e servi-me generosamente. Gosto muito de esparregado. O empregado viu-me a comer com tal satisfação que me veio perguntar que tal estava a comida. Respondi que o esparregado estava uma delícia e ele ficou com cara de ofendido, elucidando-me que estava a comer Matapa, um prato tradicional moçambicano, com folhas de mandioca, amendoim, coco e pedaços de marisco. Pronto, comecei a minha experiência por desrespeitar uma tradição gastronómica moçambicana e para compensar até repeti a Matapa e comi com a cara mais feliz do mundo para o empregado ver...
Não tenho jeito para negociar
Passagem obrigatória pela feira de artesanato que aos sábados decorre em Maputo. Definitivamente, não tenho jeito para negociar. Quis comprar umas kapulanas e umas pinturas e o vendedor quase se chateia comigo porque não estava a regatear. Aliás, eu perguntei o preço e ele nem me deixou dizer se achava caro ou barato. desafiou-me logo a fazer o meu preço também. Percebi que ele queria mesmo ali um bom braço de ferro e passou a olhar-me de lado quando tive a infeliz ideia de dizer que queria pagar o preço justo... Acabei por não fazer negócio...
Que espectáculo!
Conheci pessoalmente um amigo moçambicano com quem só falava por telefone. Ele, bom anfitrião, quis levar-me a conhecer a noite de Maputo. Entrei num bar-discoteca e algo não batia certo. É que achei que o calor que se fazia sentir não justificava, por si só, a indumentária, ou falta dela, de algumas mulheres. Por outro lado, estranhei que tivesse causado tão bom impacto, já que de trinta em trinta segundos tinha uma mulher a dar-me um abraço e beijinhos e a convidar-me para beber algo ou para ir conhecer outras zonas de Maputo. Lá fui declinando, amavelmente, até começar o espectáculo da noite: um show de strip que, sem ironias, me impressionou deveras e foi do melhor do muito pouco que já vi. Porque misturava strip com ginástica e acrobacias sobre dois varões colocados na horizontal a três metros de altura. Muito homem ficou com torcicolo e não deixa de ser estranho ver uma mulher nua, em acrobacias, três metros acima de nós... Mais do que stripers, elas são também acrobatas e não estranha a musculatura que ostentavam. Bati palmas, paguei a bebida e saí. O meu amigo achou estranho que tivesse saído sem ter provado as delícias moçambicanas, mas para gaffe 'gastronómica' já bastava a de ter confundido esparregado com matapa...
Viagem de avião
E porque este post já vai longo, termino com a certeza que foram duas semanas muito bem passadas, numa cidade arejada e com vários pontos de interesse. E os moçambicanos são pessoas muito afáveis. Pena a viagem entre Maputo e Lisboa não ter corrido pelo melhor. Além do voo ter durado quase onze horas, não aconselho a ninguém um desarranjo intestinal num avião de longo curso. É que para além de ter de incomodar constantemente o vizinho do lado sempre que me levantava, há sempre gente na fila para a casa de banho e esta é tão exígua que quase nem tinha espaço para... limpar o rabo.
Finalmente: deixei Maputo no Inverno e com bom tempo; cheguei a Lisboa no Verão e a... chover.
Como correu? Muito bem. Adorei Maputo, a simpatia dos moçambicanos, tudo correu pelo melhor, menos ter engordado dois quilos, mas ninguém me manda exagerar só porque havia buffet quase todos os dias...
Dança tradicional
À chegada a Maputo fiquei muito sensibilizado com um grupo de mulheres com vestimentas tradicionais, dançando e cantando à minha chegada e de toda a delegação portuguesa que foi participar nos Jogos da CPLP. Fiz questão de agradecer do fundo do coração e estranhei que a forma dos moçambicanos agradecerem o agradecimento fosse a rir... Depois percebi que a dança não era para mim, mas para um grupo de missionários que ia no mesmo avião que eu...
Quase atropelado
No primeiro dia ia sendo atropelado, para mais não estava à espera. É certo que ia no meio da estrada, para me desviar de um buraco enorme no passeio, mas estava tranquilo porque não vinha nenhum carro de frente. De repente, aparece um carro a buzinar nas minhas costas e dei um salto mesmo a tempo de evitar o atropelamento. Ainda estive para protestar, mas depois pensei que convinha ter-me lembrado que o trânsito em Moçambique é ao contrário...
Ofendi um empregado
Cheguei ao hotel e, como estava com fome, pousei as malas e fui logo almoçar. Vi um esparregado com bom aspecto - até tinha pedacinhos de lagosta - e servi-me generosamente. Gosto muito de esparregado. O empregado viu-me a comer com tal satisfação que me veio perguntar que tal estava a comida. Respondi que o esparregado estava uma delícia e ele ficou com cara de ofendido, elucidando-me que estava a comer Matapa, um prato tradicional moçambicano, com folhas de mandioca, amendoim, coco e pedaços de marisco. Pronto, comecei a minha experiência por desrespeitar uma tradição gastronómica moçambicana e para compensar até repeti a Matapa e comi com a cara mais feliz do mundo para o empregado ver...
Não tenho jeito para negociar
Passagem obrigatória pela feira de artesanato que aos sábados decorre em Maputo. Definitivamente, não tenho jeito para negociar. Quis comprar umas kapulanas e umas pinturas e o vendedor quase se chateia comigo porque não estava a regatear. Aliás, eu perguntei o preço e ele nem me deixou dizer se achava caro ou barato. desafiou-me logo a fazer o meu preço também. Percebi que ele queria mesmo ali um bom braço de ferro e passou a olhar-me de lado quando tive a infeliz ideia de dizer que queria pagar o preço justo... Acabei por não fazer negócio...
Que espectáculo!
Conheci pessoalmente um amigo moçambicano com quem só falava por telefone. Ele, bom anfitrião, quis levar-me a conhecer a noite de Maputo. Entrei num bar-discoteca e algo não batia certo. É que achei que o calor que se fazia sentir não justificava, por si só, a indumentária, ou falta dela, de algumas mulheres. Por outro lado, estranhei que tivesse causado tão bom impacto, já que de trinta em trinta segundos tinha uma mulher a dar-me um abraço e beijinhos e a convidar-me para beber algo ou para ir conhecer outras zonas de Maputo. Lá fui declinando, amavelmente, até começar o espectáculo da noite: um show de strip que, sem ironias, me impressionou deveras e foi do melhor do muito pouco que já vi. Porque misturava strip com ginástica e acrobacias sobre dois varões colocados na horizontal a três metros de altura. Muito homem ficou com torcicolo e não deixa de ser estranho ver uma mulher nua, em acrobacias, três metros acima de nós... Mais do que stripers, elas são também acrobatas e não estranha a musculatura que ostentavam. Bati palmas, paguei a bebida e saí. O meu amigo achou estranho que tivesse saído sem ter provado as delícias moçambicanas, mas para gaffe 'gastronómica' já bastava a de ter confundido esparregado com matapa...
Viagem de avião
E porque este post já vai longo, termino com a certeza que foram duas semanas muito bem passadas, numa cidade arejada e com vários pontos de interesse. E os moçambicanos são pessoas muito afáveis. Pena a viagem entre Maputo e Lisboa não ter corrido pelo melhor. Além do voo ter durado quase onze horas, não aconselho a ninguém um desarranjo intestinal num avião de longo curso. É que para além de ter de incomodar constantemente o vizinho do lado sempre que me levantava, há sempre gente na fila para a casa de banho e esta é tão exígua que quase nem tinha espaço para... limpar o rabo.
Finalmente: deixei Maputo no Inverno e com bom tempo; cheguei a Lisboa no Verão e a... chover.
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