1 - Entrei no casino do Funchal e parecia que estava em Macau... Um grupo de chineses, acredito que turistas, assambarcou uma das mesas da rouletta, outros foram para o Black Jack, tudo paradas altas, não fizessem os chineses, como a generalidade dos orientais, do jogo um dos entretenimentos preferidos...
De facto, os chineses a jogar têm classe, percebe-se que jogar a dinheiro é algo que parece ter nascido com eles. Comparado com os portugueses, então, dão uns 20 a zero.
É que enquanto eu vi um português perder dois salários meus a jogar Black Jack e a abandonar a mesa com dois murros violentos e um sonoro «vão todos para o caralho, seus filhos da puta, ladrões de merda...», os chineses perdiam a mesma fortuna, mas apenas diziam, baixinho, qualquer coisa que me parecia "ula kai maia"... Que deve ser algo como «olha, até tenho os olhos em bico...»
2 - O português perdeu a cabeça... Eu também acharia estranho que a mesa ganhasse quase todas as mãos, mas isso sou eu que me fascino como é que os casinos, que já levam vantagem nas probabilidades de ganharem, ainda desafiam as probabilidades estatísticas a níveis inacreditáveis... Mas, se aceito as regras do jogo, não me posso queixar.
Os casinos devem ser o único lugar do mundo onde uma pessoa diz que está a ser assaltada, grita que está a ser assaltada; mas continua a dar rios de dinheiro a quem diz que o está a assaltar e em pleno assalto...
«Estás a roubar-me, filho da puta. Mas olha, toma lá mais cem euros...» Faz sentido?
3 - Eu entro num casino umas duas a três vezes por ano. E a minha filosofia é simples: pego em 10 euros, vou para as máquinas de poker de 10 cêntimos o lance e jogo até perder os dez euros. Estou ali uma meia hora, divirto-me, vou ganhando e perdendo e saio. Mas quando entrei no casino não tinha notas, pelo que fui levantar a uma caixa multibanco do casino. A máquina pensou: este rapaz deve ser rico, por isso, vou oferecer-lhe a opção mínima de levantar... 100 euros... Desculpe?, perguntei eu à máquina. 100 euros? Depois de muito negociar, lá consegui que a máquina me auorizasse a levantar apenas 50 euros. Ficou a olhar para mim de lado. «Teso», disse-me... Levantei-lhe o dedo do meio, fui trocar a nota de 50. Investi 10, chateei-me ao fim de meia hora, levantei os nove euros que ainda tinha na máquina. E não insultei ninguém. Só a máquina do multibanco.