domingo, 6 de janeiro de 2013

Reis magos e o Governo

O Governo, para melhorar a sua imagem, quis levar hoje à cena, com os seus ministros, uma representação da história dos Reis Magos. Mas teve de desistir quando, após o primeiro ensaio, se percebeu que o Gaspar levou o ouro do Belchior...


sábado, 5 de janeiro de 2013

Pensamento do dia





«As mulheres não deviam ser tão céticas. São como São Tomé. Todas têm um... Príncipe»

Jorge Pessoa e Silva

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Sindicato dos Apanhadores de Porrada

Hoje deu-me para pensar que existe uma profissão que não está a ser devidamente valorizada. A dos ‘apanhadores de porrada’.

O leitor mais ingénuo dirá: Jorge, mas isso já existe, chama-se duplo. O mais sarcástico lembrará que não se chama nada duplo, chama-se... ‘contribuinte’.

Não, respondo, é aquela profissão das pessoas – que existem mesmo - que andam sempre atrás de uma boa manifestação e só aparecem quando começa a cena de pancadaria com a polícia. Depois, colocam-se estrategicamente e quando aparece sangue no rosto o que é que fazem? Não, não procuram um médico. Antes disso, procuram uma câmara de televisão para desabafarem desgraças. Serão uma minoria no meio de uma manifestação, mas existem.

A parte que eu mais gosto é aquela em que se queixam da violência policial. Ainda hoje, ao ver na televisão imagens de Atenas, chego à conclusão que têm toda a razão: onde é que pára o bom senso da polícia que reage à bastonada ao lançamento de pedregulhos e de cocktails de molotov? Aliás, alguns dos que vi na televisão devem andar a perder a verdadeira vocação: lançadores de peso. Sempre ganhavam outro tipo de ‘medalhas’...

Dirá agora o leitor: Jorge, estás um pouco reaccionário hoje, não?

Não, pelo contrário. Num ímpeto esquerdista e revolucionário, até defendo a criação de um sindicato dos apanhadores de porrada. E não seria mal pensado a criação de um Contrato Colectivo dos Apanhadores de Porrada, em que se estabeleceriam regras para minimizar os estragos. Os maus da polícia, que de vez em quando também vão para o hospital, também gostariam.

As regras seriam do género:

1 – Os manifestantes têm de comunicar à polícia o local onde vai haver porrada, tal como o tipo de armas de arremesso a usar.

2 – A polícia deve ser informada do local onde os pedregulhos vão cair e compromete-se a responder apenas até aparecer a primeira gota de sangue.

3 – Os polícias comprometem-se também a garantir o direito de liberdade de expressão, protegendo os manifestantes feridos que pretendem falar às televisões.

4 – A polícia compromete-se a usar bastões almofadados, jactos de água do Luso e gás lacrimogéneo que não faça arder os olhos.

5 – Cada batalha campal não pode durar mais de que uma hora, com intervalo de dez minutos.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O bacalhau quer alho?

Na minha vida profissional de jornalista já tive de ir em trabalho a dezenas de países, em muitos casos junto de comunidades portuguesas.

Encontrei de tudo: desde comunidades cristalizadas onde pensei ter recuado a um Portugal dos anos 60, até comunidades completamente integradas, que tentaram assimilar o melhor dos dois mundos.

Por muito que as comunidades sejam diferentes pelo Mundo, há duas coisas que são comuns em relação a um jornalista homem que chega de Portugal: a firme convicção que está desejoso de sexo e comer bacalhau cozido....

Em relação ao primeiro caso, eu até percebo: afinal, o jornalista homem fez uma viagem, pode até estar, consoante a distância, há 12 horas sem sexo, há que retemperar os níveis. Por isso, antes mesmo de conhecer a beleza paisagística de uma cidade, os monumentos, etc, a primeira coisa que me apresentavam em muitos locais eram as casa de alterne, as mais inacreditáveis casas de prostituição, com conceitos que nem conhecia, ou os locais de 'ataque' que não exigissem mais de cinco minutos de 'sedução' antes de ir para a cama, até porque estava cansado da viagem, lembrem-se.

Quanto ao segundo caso, não deixa de ser uma carinhosa prova de patriotismo. Para que quereria eu provar comidas que nunca provei, algumas bem exóticas, em locais onde provavelmente não voltaria mais, se poderia comer um belo de um bacalhau cozido?

O que fazia eu? Como as pessoas sempre foram muito simpáticas comigo, excepcionais mesmo em muitos casos, aceitei acompanha-las nesta missão de serem meus guias . Mas, acreditem em mim, só comia o bacalhau certo....

domingo, 4 de dezembro de 2011

Recompensa, ou talvez não...

A administração do Four Seasons Vilamoura oferece 10 mil euros a quem ajudar a Polícia Judiciária a identificar as três pessoas que assaltaram o hotel, recompensa que será paga após condenação dos assaltantes.

Por ser uma administração de estrangeiros, das duas uma: ou não conhecem o ritmo a que funciona o sistema judicial português ou não fazem muita questão de pagar...

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A relação difícil de um homem com o automóvel

1 - Ponte 25 de Abril. O trânsito parado. Um condutor com automóvel bem comprido procura meter-se num espaço onde eu sabia que nem o meu SMART cabia... Resultado? Um ligeiro toque, daqueles que nem mossa faz, difícil seria fazer a 2 quilómetros por hora...

O homem, percebendo que vão duas mulheres no outro carro, sai do automóvel e insulta-as com a inusitada indignação do macho latino que, por questões de ADN, talvez, teve dificuldades em acompanhar a evolução da sociedade e ainda acredita que o lugar das mulheres é na cozinha...

Teve azar. O ADN das duas senhoras já entra na categoria dos que se adaptaram aos novos tempos. Saltaram do automóvel e toca de irem direitas ao autor dos insultos. Ia jurar que, com a pressa, até traziam os air-bags da carrinha na mão. Afinal... não. E que bonito foi ver um homem a correr à frente de duas mulheres sem escapar a algumas lambadas...

2 - Há duas coisas que transtornam nitidamente um homem: uma mulher e um automóvel. E se no primeiro caso o transtorno é, por norma, mais ao menos inofensivo, limitando-se o homem a fazer figuras tristes e deprimentes; no segundo caso fica agressivo e irracional. Basta sentarmo-nos ao volante e antes mesmo de darmos a volta à ignição já nos transformámos numa besta.

Um homem é bem capaz de ir amigavelmente a falar com um amigo, ou um vizinho, e despedir-se com um caloroso «bom-dia» antes de entrar no carro. Segundos depois, sentado ao volante, já está a gritar com a mesma pessoa, «sai da frente ó palhaço que a minha vida não é isto...»

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A senhora que fundiu fado, flamenco e rap

Ando há algumas semanas a observar a senhora que se senta à porta da pastelaria da minha rua, de copo em riste na mão a mendigar por umas moedinhas.

Canta histórias de pasmar (sim, canta), pungente, que fariam chorar as pedras da calçada não fosse a intensa chuva ter inundado tudo. A história mais fascinante foi a de como em duas semanas passou de doze para treze filhos sem que lhe notasse qualquer ar de gravidez. À atenção dos cientistas...

Às vezes passa por ela uma outra senhora. Não sei se amiga, familiar ou simplesmente conhecida, mas em boa hora aparece porque tem o condão de interromper a cantoria e a senhora sentada no chão até sorri. Falam um pouco sobre trivialidades e percebo que a outra senhora não vai longe, sentando-se também à porta de uma pastelaria de copo em riste.

À hora de almoço a senhora lá vai à sua vida. Não parece que vá conseguir matar a fome com as poucas moedas que leva, para mais com 12 filhos. Ou melhor, 13. Talvez por isso volta à tarde.

Curiosamente, não a vejo quando chove bastante ou aos domingos, o que também devia ser estudado pelos cientistas, já que, pelos vistos, a fome desaparece com chuva e ao domingo.

Continuo a pensar naquele cantar arrastado e acabo por concluir que a mulher acaba de inventar uma música que é a fusão entre fado, flamengo* e rap. E pensei: ora aí está uma boa maneira de ganhar dinheiro. Reparem na letra e tentem imaginar a fusão:

«Ai que Deus me acuda, que sou uma desgraçadinha;
Preciso da sua ajuda, dê-me uma moedinha;
Tenho 12 filhos [quer dizer, 13], para sustentar,
Dê-me uma moeda e o céu vai ganhar.

Refrão

[choro arrastado] Sou uma desgraçadinha, yô [choro arrastado]
Yô...

Ainda tentei vender a ideia. Mas continua a preferir uma moedinha...


*Sei que estão a pensar que me enganei e queria dizer flamenco. Mas flamengo também se aplica, porque as canções parecem queijo derretido, ou, como os ingleses classificam alguns cantores e canções, cheesy. Ou isso ou enganei-me mesmo e não estava para ter o trabalho de corrigir...

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O novo Governo de Portugal ou como Ronaldo dava misnistro

No Forum TSF de hoje, um comercial estava todo contente com a vitória de Portugal. Dizia que esta manhã os clientes andavam muito mais satisfeitos e já tinha fechado mais negócios do que o habitual. Só uma intelectualidade preconceituosa se recusa a reconhecer ou a aceitar o papel do futebol e do desporto no estado de espírito e no ânimo dos cidadãos. E seis golos, seguramente, vão valer uns pozinhos no PIB... Só falta Portugal brilhar no Euro. Seria a isto que o ministro da Economia se referia quando anunciou para 2012 o fim da crise?


Com base em tudo quando se passou ontem no Estádio da Luz, cada vez mais me convenço que a solução para a crise de Portugal passa pela constituição de um Governo... sol.

Primeiro-ministro: Paulo Bento
É verdade que tem qualidade no leque de opções, mas não tem muito por onde escolher. Sabe maximizar o que tem e corta a direito se for preciso. Capaz de organizar e coordenar uma equipa governativa.

Ministro dos Negócios Estrangeiros – Eusébio
Não joga, mas lá fora continua a ser um excelente diplomata e promotor da imagem de Portugal.

Ministro das Finanças – João Moutinho
Pela forma como joga, ele mostra que é possível a austeridade sem comprometer o crescimento económico. Corta a eito no que tem de cortar, livra-se da gordura adversária que só faz mal a Portugal, corta nos custos intermédios que só fazem perder tempo e eficácia e relança o País para o ataque à crise

Ministro da Economia – Cristiano Ronaldo
Os golos que marcou, o que jogou e fez jogar, tiveram o mérito de provocar já hoje um aumento de produtividade no País. Concessionaram a uma empresa estrangeira a prospecção de ouro no Alentejo, mas em Portugal já há um garimpeiro de altíssimo quilate.

Ministro da Justiça – Hélder Postiga
Depois do segundo golo da Bósnia, onde fomos ‘gamados’ por uma equipa alemã, soube dar justiça ao que se estava a passar quando marcou o 4-2. E foi uma justiça rápida, sem fazer sofrer muito o cidadão de bancada, e sem artifícios delatórios.

Ministro da Administração Interna – Raul Meireles
Trabalho de polícia e manutenção da ordem é com ele. Não só combate a desordem quando acontece como faz um trabalho de prevenção exemplar.

Ministro da Defesa – Bruno Alves
Por terra, ar ou... mar, nada lhe escapa. Competentíssimo.

Ministro da Agricultura – Pepe
Mostrou na Bósnia como se pode ser muito competente a trabalhar na... horta.

Ministro da Solidariedade Social – Adeptos de Portugal
A solidariedade não se apregoa, pratica-se. E os adeptos foram solidários. Entre eles e com o... Governo-Sol. Sempre a empurrar Portugal para a frente, de mãos dadas e com enorme patriotismo.

Ministro da Saúde – Nani
Um golo como aquele que marcou faz bem à saúde e em especial ao coração. Com ele não há listas de espera, não há filas nas urgências, não há falta de recursos. Estamos a sofrer? Então tomem lá este comprimido de 35 metros e que vai direitinho ao problema... E sempre é mais diviertido ir ao Estádio do que ao Hospital.

Ministro da Educação – Selecção Nacional
Com ela aprendemos o Hino Nacional, que cantamos a plenos pulmões. Estes jogadores quando abrem o livro são um deleite. Marcam golos que são autênticos poemas. Até marcam golos de... letra se for preciso. Instaurou uma cultura de vitória.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

O corno, o flho de mãe de má reputação e o negro

Ponto 1 – Se o guarda-redes da equipa visitante for marcar um pontapé-de-baliza e o estádio inteiro, com voz forte e grossa, gritar 'filho da mãe que exerce a profissão mais antiga do mundo', as instituições desportivas e os protagonistas nada fazem. Até são capazes de achar piada.

Se os adeptos começaram a tourear o adversário com sonoros olés, haverá até quem tal justifique à luz da tradição tauromáquica lusa.

Se o público começar a cantar canções do Melão para ridicularizar um jogador e destabilizá-lo no que à orientação sexual diz respeito, muita gente se ri e critica o jogador por ter reagido em vez de ficar... calado.

Se o mesmo público começar a imitar um macaco quando um jogador negro pega na bola, o clube arrisca-se a pesadas sanções.

Conclusão: é mais grave menosprezar a cor da pele do que a honorabilidade da mãe dos jogadores ou a dignidade do seu humano ou até mesmo ridicularizar uma alegada orientação sexual.


Ponto 2 – César Peixoto que conte um dia, se quiser, quantos jogadores já o provocaram em campo dizendo que as duas últimas mulheres da vida dele – Isabel Figueira e Diana Chaves – tinham a mesma profissão da mãe que referimos no ponto anterior e quantos se gabaram de lhes terem ensinado todas as posições do Kama Sutra e que o César Peixoto não era competente para deixar as mulheres felizes... Não consta que o jogador do Benfica tenha vindo a público fazer queixas de ter sido chamado de... corno, impotente e incompetente sexualmente.

Os jogadores que contem os insultos que ouvem de adversários, sendo o convite para irem para... uma fábrica de artesanato tradicional das Caldas da Rainha o mais leve.

Dito isto, e falando a sério, as minhas conclusões:

1- Até acredito que o Javi Garcia possa ter chamado «preto» a Alan e quase juro que nunca insultaria ninguém com questões rácicas fora do relvado. Se o Alan fosse gordo chama-lhe montanha de banhas ou se usasse óculos chamava-lhe caixa de óculos, etc... Tal como mandou alguns jogadores para as Caldas e colocou em causa a honorabilidade das mães e das mulheres de outros adversários. E, repito, fora do relvado nunca faria tal coisa.

Neste contexto, das duas uma: os desvalorizamos a questão por sabermos que os jogadores estão de cabeça quente, ou levamos a sério e consideramos que o assunto merece censura. Neste caso:

A – O racismo é uma forma estúpida e inaceitável de discriminação entre os homens. Lembraram-se da cor da pele, mas se um dia inventarem que o que divide os homens é o tamanho do pénis não vou gostar de ser discriminado por o ter... pequeno 

B – O racismo é apenas uma das formas de discriminação, e nesta área todas têm o mesmo valor: a raça, a orientação sexual, a honorabilidade, a religião, o bom nome...

D – O anti-racismo chega a atingir pontos tais que, sinceramente, mais me parece uma das formas mais perniciosas de... racismo.

4 – Sabem quando se saberá que o racismo acabou? Quando ninguém falar sobre o assunto.

sábado, 17 de setembro de 2011

Promoções geniais

Num espaço comercial anuncia-se pelo sistema sonoro que na compra de um jogo se recebe de oferta uma t'shirt da marca que o comercializa.

Sei que é algo de comum em diversos produtos, mas não deixa de ser genial que uma marca nos conveça a comprar um produto e levar de 'prémio' fazer publicidade de graça...

Agora, imaginem o Governo a fazer o mesmo: pague o aumento de IRS e leve para casa uma T'shirt do PSD...

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Portugal recebeu a troika errada

A avaliar pelas sondagens, existem boas hipóteses de José Sócrates vencer as eleições legislativas. Perante este cenário, acho que Portugal recebeu a troika errada...

Em vez de economistas do FMI, Fundo de Estabilização Europeu e Comissão Europeia, a troika deveria ser composta pelas seguintes pessoas:

1 - Mr Anthony Fowke, presidente da Federação Mundial de Saúde Mental;
2 - Mario Maj, presidente da Associação Mundial de Psiquiatria;
3 - Marquês de Sade...

segunda-feira, 25 de abril de 2011

O que o homem odeia ouvir na cama

«O que os homens odeiam ouvir na cama» era o título de um artigo de investigação que li numa revista. Confesso que nem quis ler o resto.

Não sei porque será preciso uma investigação quando bastam dois... décimos de segundo para saber que só há uma coisa que o homem odeia mesmo ouvir na cama: «Não».